terça-feira, 16 de agosto de 2011

Carta Ao Pai.

        Nunca escrevi nenhuma. A não ser aqueles cartões que a gente ganha na escola no dia dos pais, que sempre me limitei a preencher o De: .... e o Para: ...., ou alguma vez esporádica que devo ter incrementado com um 'Feliz Dia Dos Pais' ou um 'Te amo'. Nunca deixei transparecer muito o quanto amo meu pai, talvez por medo dele achar gay demais um abraço, um beijo ou uma declaração minha. É um bloqueio meu mesmo, sem sentido talvez, mas enfim, bloqueios são bloqueios, igual ao que eu sempre tive pra Física. Em contrapartida, o meu amor pelo meu pai não exige muitas declarações ou presentes. 
         Talvez eu deixe transparecer quando a gente conversa e eu caio em gargalhadas com tudo que ele conta, com tudo que ele faz, ou pelo meus olhos que devem brilhar quando eu conto tudo isso pras outras pessoas, que realmente é muito divertido e todo mundo gosta, e ri, e pede pra eu repetir...A onda dele agora é assistir 'O Astro' e cantar junto com a abertura: '' Minha preda é ametrista, minha cor o yellow...'' e tem a máxima que eu escuto desde pequeno, quando pedia dinheiro a ele: '' Meu filho, pra outra pessoa não, mas pra você...há se eu tivesse'' e acabava sempre me dando algum trocado mesmo. Ou quando a gente se une em um complô pra persuadir minha mãe e conseguir qualquer coisa, que ela faça uma lasanha ou coisa do tipo. Por essas e por outras milhares de coisas que o horário não me permite contar, eu amo meu pai. Quando ele dá uma de pai mandão e me proíbe de fazer alguma coisa, fico puto, viro a cara e tal. Mas enfim, ele é pai e tem que se comportar como tal, de vez em quando. 
           Nossa relação já foi conflituosa e se ainda fosse eu transcreveria aqui uns trechos do ''Carta Ao Pai'' do Kafka, por que é lindo e na literatura tudo que é triste, conflituoso e sofrido me atrai, mas eu e meu pai não somos assim. Nossa única diferença talvez seja só a orientação sexual mesmo, porque o humor e modo de lidar com a vida eu herdei dele e me orgulho disso. Além dos gostos musicais e daquele refrão do Ultraje A Rigor que ele me ensinou a gostar e que resume a nossa diferença: '' O chiclete que você mastiga não é igual ao meu...♪ "

7 comentários:

  1. então conte pra ele, qrido! conte logo!

    ResponderExcluir
  2. Conte logo [2]... hehehehe!
    Cool. Curti! Hugzz!

    ResponderExcluir
  3. Ai q lindo! Acho esse tipo de relacionamento tão lindo e ate imagino como seus olhos ficam ao falar dele.
    Conte logo[3]... hehehehe
    Bjo

    ResponderExcluir
  4. POw que post bacana...
    Torço pela relação de voces...
    Forte abraço!

    ResponderExcluir
  5. sou adepto da teoria de q a melhor coisa na vida é a transparência e a verdade ... não importa o preço ...

    ResponderExcluir
  6. vc não tem q achar nada ... qdo eu puder ver os pés da Chiquita eu julgo ... rs

    ResponderExcluir
  7. "porque o humor e modo de lidar com a vida eu herdei dele e me orgulho disso"
    os dois são raparigueiro, só que ao contrário

    ResponderExcluir